Apesar das fortes chuvas que caíram durante todo dia e também na noite desta sexta-feira, 26 de maio, o plenário da Câmara Municipal de Vereadores de São Leopoldo estava lotado para o debate sobre “O Papel da Mídia no Golpe de 2016”. A atividade foi organizada pela vereadora Ana Affonso (PT) e contou com a presença da deputada federal Maria do Rosário (PT) e pela jornalista Carolina Teixeira Lima, integrante do levante Popular da Juventude e colaboradora da TVT, emissora da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Na abertura do debate, a vereadora Ana Affonso explicou que a atividade faz parte de uma série de iniciativas do seu mandato que têm como objetivo proporcionar a discussão sobre temas relevantes e de interesse da população, tais como a primeira paralisação de mulheres, os prejuízos dos trabalhadores com a reforma da previdência, a importância da educação infantil e o papel da UPA Scharlau no sistema de saúde de São Leopoldo. “Organizamos atividades que proporcionam a reflexão sobre diversos temas relacionados à política e à cidadania. Estamos vivendo um período de retrocesso, com um grande avanço das forças conservadoras, com o ressurgimento do fascismo, inclusive o fascismo institucionalizado e o papel exercido pela mídia no Brasil, no contexto do golpe de 2016. Por isso, consideramos fundamental a construção de alternativas à mídia tradicional como forma de resistência e de oposição à ao conglomerado de comunicação que, no nosso país, está concentrado na mão de apenas seis ou sete famílias. A democracia passa, necessariamente, pela discussão do papel da comunicação”, advertiu a vereadora Ana Affonso.

A jornalista Carolina Teixeira Lima falou sobre a análise que fez sobre as manifestações favoráveis e contrárias ao governo de Dilma Rousseff – Significados e enquadramentos do Jornal da Globo, tema  do seu Trabalho de Conclusão na Unisinos. “O Jornalismo vai construindo realidades e símbolos. Tracei um comparativo sobre a cobertura jornalística em relação às manifestações favoráveis ao impeachment de Dilma, por um lado; e, por outro lado, as manifestações em apoio ao governo”, explicou. Carolina analisou vários aspectos em relação à forma de abordagem do Jornal da Globo, com  posicionamento favorável ao impeachment e com  diferenças na construção da notícia, que vão desde aspectos estéticos, como o enquadramento e o uso das imagens, passando pela linguagem, uso de cores e atribuição de conceitos positivos no caso do apoio aos manifestantes favoráveis ao impeachment e depreciativas em relação aos apoiadores da ex-presidente Dilma Rousseff.

A deputada Maria do Rosário criticou os grandes grupos de comunicação e a forma tendenciosa de fazer jornalismo. Maria do Rosário enfatizou a omissão da grande mídia em relação à cobertura jornalística sobre a manifestação realizada na última quarta-feira, dia 24 de maio, em Brasília. “Nas ruas quiseram calar a voz das pessoas com bombas, cassetetes e muita violência. E lá dentro, no Congresso, eles também quiseram nos calar. Se em 1964 eles tiveram que cassar e expulsar pessoas lá de dentro, pois bem eles terão de fazer o mesmo agora. Eu não tenho otimismo, mas não sou pessimista. Acho que temos de ser absolutamente realistas. Nós fomos à ONU e deu resultado. A ONU e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenaram o uso excessivo da força durante as manifestações pela Força Nacional. A nossa petição começou a dar resultado  e se nós não temos voz aqui, que tenhamos no mundo”, ressaltou a deputada. Ela lembrou que durante a ditadura militar no Brasil foi necessário também contar ao mundo as atrocidades cometidas pelo regime.

Durante o debate, a presidente do Ceprol, Andréa Nunes,  fez um relato sobre o uso desproporcional da força na manifestação em Brasília, na última quarta-feira. “Quando chegamos na Esplanada dos Ministérios havia um grande aparato militar para nos receber com uso da violência”, relatou. Andréa também relatou o bombardeio sobre os manifestantes. “A deputada Maria do Rosário estava dentro do caminhão quando eles jogaram bombas dentro do caminhão. Lá estavam todos os rostos do Brasil representados, todas as idades, todas as cores, e o que a mídia não mostrou foi cada uma de nós correndo para atender a quantidade de pessoas que estava caídas no chão e machucadas”, disse. Para a presidente do Ceprol, a mídia não mostrou o que realmente aconteceu naquele protesto. “Nós éramos mais de 200 mil gritando pelos nossos direitos e pelas diretas já. No meio da multidão, entre as pessoas agredidas, estava um cadeirante, havia crianças, mulheres e pessoas de idade. A mídia é golpista sim”, afirmou.  

Notícias - Bancada PT - Alexandre Costa (MTB 7587/RS)

Sistema Legis

Fale Conosco

Rua Independência, 66 - Centro - CEP 93010-001
São Leopoldo / RS
Telefone: (51) 3579-9200
Horário: segunda à sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h.