Um bom público compareceu na Câmara de Vereadores, na segunda-feira, dia 25 de abril, para prestigiar a Sessão Solene que marcou os 80 anos do Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI).

A sessão foi proposta pelo vereador Fabiano Haubert, da Bancada do PDT, que também presidiu o ato.

Em seu pronunciamento, o vereador Fabiano Haubert fez um breve histórico da instituição, onde contou a trajetória da construção do prédio que abriga a entidade e também sua participação da mesma no contexto e sua importância para o desenvolvimento do nosso Município.

“Hoje a história do Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI) se confunde com a própria história de São Leopoldo”, comenta Fabiano Haubert.

O Superior dos Jesuítas em São Leopoldo, padre Dorvalino Alieve, falou do empenho e dedicação dos primeiros Jesuítas que aqui chegaram em 1844, quando deram início a um grande processo de evangelização, além de terem contribuído enormemente para o desenvolvimento de São Leopoldo e um desses marcos é o Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI).

O Historiador, padre Inácio Spohr, ao usar a tribuna relatou a importância do Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI) nas questões sociais que a entidade se envolveu junto à comunidade, como na ajuda à população, quando ocorriam as enchentes no município.

O padre Inácio Spohr lembrou, também, que em 1972, a pedido do então prefeito Olímpio Albrecht, o monumento do Cristo Rei foi iluminado, e se tornou um dos mais bonitos cartões de visita da nossa cidade.

 O Irmão Celso Jacó Flack, Diretor Geral do CECREI, foi enfático ao dizer que o prédio, construído pelos Jesuítas, sem o comprometimento com a espiritualidade, não teria o porquê de existir.  “Temos um prédio muito bonito, porém, a paz que ronda pelos espaços e entorno é uma das principais riquezas que possuímos no CECREI. Convido a todos para conhecer este local de uma tranquilidade inigualável, que tem o poder de revigorar nossas energias”, comenta o Irmão Flack.

“Assim como a imagem do Cristo Redentor está de braços abertos para proteger a todos, assim também o Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI) está para acolher católicos e não católicos”, finaliza o Diretor Geral da entidade.

A solenidade contou com uma apresentação cultural, a cargo dos violoncelistas Airton e Davi, da Presto Produções, os quais foram muito aplaudidos pelo público presente quando interpretaram músicas clássicas e nacionais.

Estiveram presentes ainda à solenidade:  Artur Eugênio Jacobus, Vice-Reitor da UNISINOS; Luís Felipe Leifheit, Diretor Administrativo do CECREI; Padre Cláudio Vicente Immig, Pároco da Paróquia São José de Anchieta; Maria Stoffel - Irmã Cris, Diretora Geral do Hospital Regina; Juliano Maciel, Secretário da SEDETEC e Nestor Schwertner, vereador da Bancada do PT.

 

HISTÓRICO DO COLÉGIO CRISTO REI – CECREI – 80 anos

 

A história do Colégio Cristo Rei está ligada ao Seminário Central, que funcionava no centro de São Leopoldo, ao lado da igreja matriz Conceição e defronte à estação rodoviária. O referido seminário acolhia cerca de 300 seminaristas em preparação ao sacerdócio, vindos de dioceses dos três estados sulinos. Os estudantes Jesuítas moravam no mesmo seminário, administrado pelos padres Jesuítas desde 1913 a 1956. Infelizmente, o prédio da filosofia foi consumido por um incêndio, em julho de 1981. Após aquele sinistro, a quadra passou à Prefeitura Municipal.

Devido ao crescente número de seminaristas, não havia espaço suficiente para abrigar a todos. Decidiu-se construir um novo prédio, fora do centro da cidade. Em 1937, o arcebispo, Dom João Becker, deu licença para os Jesuítas iniciarem o Colégio Máximo (isto é, o mais importante) no chamado “campo grande”, acima do cemitério municipal. Era um descampado. Vários irmãos Jesuítas se dedicaram à obra. Levantaram uma casinha de madeira para morar e um padre celebrava a missa diariamente para eles.

A construção do Colégio, sob a direção do arquiteto, irmão Gellermann, começou a ser erguida em 1938.

Em janeiro de 1940 ocorreu o lançamento da pedra fundamental do Colégio, estando já levantados os muros. No dia 20 de março de 1942 a construção estava quase concluída e fez-se a mudança dos estudantes Jesuítas (filósofos e teólogos, candidatos ao sacerdócio) para o novo Colégio Cristo Rei.

Devido ao constante aumento do número de estudantes Jesuítas tratou-se de construir uma nova ala, no lado oeste do Colégio, pois o prédio era pequeno. Faltavam quartos e salas. Muitos escolásticos e “afonsinos” meteram mãos à obra para fazer os fundamentos da nova construção. Conhecida como a ala da Teologia, foi inaugurada em março de 1949.

Desde o início do Colégio Cristo Rei contou-se com a presença dos Afonsinos, isto é, rapazes que queriam ser irmãos Jesuítas. Eles estudavam na Escola Santo Afonso (1942-2007), anexa ao Colégio, recebendo a formação dos próprios Jesuítas (padres, irmãos ou fratres). Durante muitos anos ela acolheu cerca de 80 alunos e centenas deles ingressaram na Companhia de Jesus.

Em março de 1949, a Santa Sé (Roma) concedeu ao Colégio Máximo Cristo Rei a autorização de funcionar como Faculdade, podendo conceder graus acadêmicos. Em março de 1954, ocorreu a instalação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Cristo Rei, no salão nobre do Colégio. Ela foi oficializada pelo governo, graças ao empenho do P. Urbano Thiesen. No decorrer dos anos, outros cursos se vincularam a esta Faculdade, dando origem à UNISINOS, fundada em julho de 1969.

Algo inédito na casa foi a construção do órgão de bambu, a cargo do talentoso P. Odilon Jaeger, que contou com a ajuda do marceneiro, Ir. Waterkemper. Este instrumento musical foi instalado no coro da capela, inaugurado em abril de 1952. Atualmente este órgão, sob outro formato, encontra-se no Santuário do Sagrado Coração de Jesus

A biblioteca do Colégio Cristo Rei tinha livros de grande valor. Anualmente eram adquiridos cerca de mil livros e tinha mais de 200 assinaturas de revistas nacionais e estrangeiras. Com a construção do novo prédio da biblioteca da UNISINOS, todo o acervo da biblioteca Cristo Rei foi transferido para lá, em torno do ano 2.000.

Vários padres se destacaram na formação dos jovens sacerdotes como o P. João Batista Reus, que morou cinco anos no Cristo Rei.

Em maio de 1968 o Colégio Cristo Rei recebeu a bela visita do P. Pedro Arrupe, Superior Geral dos Jesuítas. Conquistou a todos pela simpatia, simplicidade e sabedoria.

Algo totalmente oposto ocorreu no Colégio Cristo Rei, quando o DOPS vistoriou a casa, em novembro de 1969. Vários padres e estudantes, entre eles, Frei Beto, foram presos pela polícia, que vigiava o Colégio dia e noite. As manchetes dos jornais noticiaram: “São Leopoldo, no Colégio Cristo Rei, QG do terrorismo no sul do país”; “Padres rebeldes, subversivos”, etc. Como era o tempo da ditadura militar, o regime não gostava nada do trabalho social que os Jesuítas empreendiam em favor dos pobres, visto como obra de “comunistas” e não de cristãos comprometidos com o evangelho.

Em 1965 o curso de Filosofia foi transferido para Nova Friburgo, RJ, e, depois, para São Paulo. Devido a isso, só o curso de Teologia funcionou no Colégio Cristo Rei, até 1975, quando o Filosofado retornou a São Leopoldo. Os cursos de Teologia e Filosofia encerraram definitivamente suas atividades no Colégio Cristo Rei, em 1980, uma vez que foi criado um Escolasticado único para todo o Brasil, com sede em Belo Horizonte, onde funciona de 1982 até hoje. 

Esta transição foi sofrida para o Colégio Cristo Rei, pois tratava-se de dar um novo destino para a grande casa de formação. Ao longo de 38 anos, centenas de estudantes Jesuítas, vindos de todo o Brasil e de outros países, fizeram seus estudos aqui, reconhecidos pela Igreja e pelo governo civil (filosofia). Foram ordenados 516 presbíteros (Jesuítas e outros religiosos). Muitos deles exerceram cargos importantes na Igreja e na sociedade como sacerdotes, bispos, párocos, reitores de universidade, diretores de colégio, professores, diretores de retiro, escritores, cientistas, capelães, missionários, etc. 

O Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI) foi aberto em janeiro de 1980. Foram anos difíceis. Devia-se empreender muitas reformas e adaptações no prédio para um novo público, em boa parte feminino (antes era só masculino).

A casa oferece cerca de 125 quartos, a maior parte com duas camas, além de salas, capelas, refeitórios e outros espaços. Tem condições para acolher, ao mesmo tempo, vários grupos para cursos, retiros ou reuniões. Neste serviço de reformas e de melhor atendimento dos hóspedes, foram trocados todos os móveis da casa: camas, colchões, armários, mesas, cadeiras, etc.

Entre os inúmeros cursos que se realizaram no CECREI destaca-se o CURFOPAL (Curso de Formação Permanente para Jesuítas da América Latina), que acolheu 582 Jesuítas (padres e irmãos) da América do Sul, de 1987 a 2011. Tal curso começava em Florianópolis, vinte dias, e continuava no CECREI durante três meses.

Desde 2010, a casa acolhe grupos diferenciados sob o aspecto religioso e social, isto é, padres, religiosas, luteranos, evangélicos, casais, jovens, professores, alcoólatras anônimos, sindicatos, universitários, etc. Na década de 1980, o CECREI acolhia cerca de 1.500 pessoas por ano, aumentando sempre mais até atingir 6.000, em torno do ano 2018. Com a chegada da pandemia em 2020, o número baixou a 1.500. Nos primeiros anos, diversos cursos duravam dois ou três meses, além de muitos retiros de 8 ou 30 dias. Houve muitas assembleias de padres ou religiosas, reunindo cerca de 120 a 150 pessoas.

Tanto o Colégio Cristo Rei como o CECREI têm histórias sofridas devido a temporais, acidentes, roubos, assaltos, incêndios, doenças, mortes e outras causas. Mas também têm muito a agradecer a Deus com a celebração de missas, ordenações sacerdotais, jubileus de vida religiosa, reuniões, retiros, reformas, colheitas de produtos agrícolas, acolhida de milhares de pessoas em busca de espiritualidade, formação humana e pastoral. Como Santo Inácio de Loyola nos ensina, “sempre devemos ser agradecidos a Deus por todos os benefícios que Ele nos concede”.

 

Foto: Andreia Thurler

 

Notícias - Ver. Fabiano Haubert - Júlio Cêsar da Silva ()

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