Mais de 100 pessoas acompanharam a segunda reunião online do Movimento Vacina Já em São Leopoldo, pelo Zoom e Youtube, hoje à noite, dia 22. A atividade contou com a participação de representantes do Executivo, Legislativo, entidades do município, sociedade civil organizada e a comunidade em geral.

A presidenta da Câmara, vereadora Ana Affonso, falou sobre os objetivos do Movimento, criado para fazer luta política e pressionar pela agilidade no processo de vacinação da população, e buscando conscientizar a comunidade acerca da importância da imunização e no combate ao negacionismo e à produção de informações falsas. Também abordou as medidas e políticas adotadas em São Leopoldo para amenizar os impactos sociais gerados pela Covid-19, como a testagem em grande escala e a distribuição de kits alimentação.

“Quando chegamos na esfera vacina, mesmo com um projeto de lei aprovado por iniciativa do Executivo, nós esbarramos nos vetos que foram propostos pelo presidente Bolsonaro de não indenizar municípios e estados que realizarem a compra da vacina, esbarramos em uma série de problemáticas que o governo federal tem travado, na nossa avaliação, sabotado o Plano Nacional de Imunização, e o que está acontecendo no Brasil serve de exemplo para o mundo como uma péssima experiência na condução do enfrentamento à pandemia”, reforçou a vereadora.

O prefeito Ary Vanazzi começou sua fala parabenizando o Movimento pelas atividades que tem realizado e reforçando a necessidade de ações articuladas pela sociedade para pressionar os governos federal e estadual por atitudes sérias no combate à crise sanitária, econômica e humanitária que a população enfrenta. Abordou a conjuntura brasileira, o agravamento causado pela presença de novas variantes do vírus, destacou as ações que a gestão municipal tem desenvolvido no combate à Covid-19 desde o início da pandemia, em março do ano passado, e aprofundou o tema das vacinas, relatando a dificuldade que as prefeituras enfrentam, junto ao governo federal, para adquirir as doses necessárias, mesmo com a atuação conjunta a partir dos consórcios.

“Nós estamos com tudo pronto para comprar as vacinas: dinheiro, aprovação, consórcio. Tudo articulado. Mas eu não acredito, sinceramente, que os municípios vão comprar e ter as vacinas. O governo federal vai centralizar isso, vai distribuir e fazer política sobre isso. E ele está fazendo política e vai continuar fazendo política enquanto o povo está morrendo à espera de vacina que não se produz, não se tem insumos e não se tem expectativas. Então, o tema vacina é um tema dramático”, denunciou Vanazzi sobre o cenário e as lógicas a que, segundo ele, os municípios estão submetidos pelo poder do governo federal e a falta de vontade política para encarar a pandemia.

A fala da enfermeira Fernanda Estrella trouxe a dura realidade dos profissionais da saúde que estão na linha de frente e os inúmeros esforços empreendidos para salvar vidas, tanto na atuação laboral quanto na tentativa de conscientizar a comunidade. “A gente fica chocado de ver as pessoas na rua, passeando como se não estivesse acontecendo nada. [...] Nós profissionais da saúde não sabemos mais o que fazer para tentar sensibilizar as pessoas”. Estrella explicou que produzem vídeos, materiais com números, dados técnicos e informações, buscando explicar e alertar a população sobre os riscos da Covid-19, as novas variantes que têm alterado os padrões de contaminação e a extrema gravidade que significa o colapso no sistema de saúde, mas que essa dedicação parece não estar surtindo o resultado necessário. Os profissionais sentem dificuldade mesmo em conscientizar as pessoas sobre a importância de receberem a vacina. “Enquanto os casos não batem na porta das pessoas, na família mesmo, não consegue sensibilizar. [...] Não estamos conseguindo chegar no coração das pessoas, infelizmente”, desabafou.

Os elementos da realidade apresentados pelo secretário adjunto da Saúde, Diego Pitirini, reforçam a preocupação com o que está ocorrendo, a urgência na busca por soluções e a constatação de que não é momento de flexibilizar medidas de restrição. Os hospitais da região, incluindo o Hospital Centenário, já enfrentam dificuldades para manter o abastecimento de remédios e insumos, e os municípios lidam com a dificuldade de adquiri-los.

“Não há mais estoque de medicamentos no Rio Grande do Sul. Não há um movimento do governo federal e estadual de resolver o problema. Pelo contrário, o Ministério da Saúde se pronunciou, hoje, sobre o assunto, disse que isso é de responsabilidade dos municípios”, explicou Pitirini, afirmando que a situação é muito dramática e já está afetando os pacientes. Acerca do processo de imunização, denunciou: “É criminoso o que foi feito com a nossa população. É criminoso o que está sendo feito no debate da vacina. O Brasil só não tem uma vacina própria hoje, por falta de investimento em tecnologia e inovação. [...] Esse tempo perdido nos custará muito caro”.

A presidenta da Câmara, vereadora Ana Affonso, comentou a atuação e o avanço do Movimento desde a sua criação em 1 de março, o modo como foi se ampliando para outros municípios e se tornando um coletivo estadual. Também apresentou as atividades que foram realizadas até o momento nas redes sociais e nas ruas, com criação de página e grupo no Facebook, perfil no Instagram, Manifesto e abaixo-assinado de apoio ao Movimento, criação de materiais de comunicação, como cards de conscientização acerca da Covid-19 e da importância do Sistema Único de Saúde (SUS), ações de visibilidade nos viadutos e passarelas da região, e as Carreatas Pela Vida – Vacina Já no Vale dos Sinos e Vale do Gravataí.

Ao final, foram definidos encaminhamentos, como a realização de reuniões setoriais com grupos específicos das diferentes áreas e campos sociais, buscando expandir a adesão da comunidade ao Movimento e criando estratégias diversificadas para as ações; a produção de materiais didáticos de comunicação para conscientizar as pessoas sobre a gravidade da situação e a necessidade de empatia com profissionais da saúde que, apesar da exaustão, seguem com coragem e força enfrentando à pandemia neste último ano.

Ainda, a construção de mutirões de solidariedade diante do avanço da miséria e da fome; a ampliação da participação em ações de visibilidade, a exemplo da ocupação dos viadutos e passarelas com faixas do Movimento, e atos de luta, como o que foi chamado por movimentos sociais e sindicatos para a próxima quarta, dia 24; e o incentivo a constituição de equipes de trabalho para fortalecer as diversas frentes do Movimento Vacina Já em São Leopoldo.

 

Notícias - Ver.ª Ana Affonso - Tabita Strassburger (Jornalista Profissional Diplomada - MTB 16.318)

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