Terapias integrativas coletivas possibilitam o tratamento emocional de mulheres em situação de violência. É o que constatou a última Audiência Pública do ciclo de debates “Lei Maria da Penha 15 anos: a construção de uma cidade mais segura para as mulheres”, realizada pela Câmara Municipal de São Leopoldo nesta quarta-feira, 25, em alusão ao Agosto Lilás. O debate, que tinha como tema “O uso de terapias integrativas coletivas para o atendimento a mulheres vítimas de violência”, apresentou experiências positivas de profissionais especialistas no tratamento alternativo de saúde mental.

De acordo com a proponente da Audiência Pública e presidente da Casa, vereadora Ana Affonso (PT), este primeiro diálogo vai embasar discussões para a construção de uma política pública inovadora, dentro da perspectiva, na cidade. “O uso destas terapias para o atendimento a situações de violência é muito importante e nós acreditamos que podemos construir uma política descentralizada, que funcione nas comunidades, onde as mulheres sejam acolhidas. Estas formas de terapia são fortes e muito potentes e podem ajudar essas mulheres a reconstruir o emocional, a relação social, e a se empoderarem sobre si mesmas”, destaca.

A doutora e mestre em Educação, com ênfase na Saúde, Vanderléia Laodete Pulga, apresentou pesquisas importantes a nível nacional que demonstram que, muitas vezes, o tratamento com medicamentos acaba não resolvendo o problema psicológico. “A violência doméstica não só cria marcas no corpo, mas também cria marcas profundas na alma e na vida das mulheres. Nas experiências que tive, diversas mulheres puderam deixar de usar o antidepressivo após iniciarem o tratamento alternativo, porque este espaço coletivo de escuta, de atendimento e de compreender as razões que causavam aquele sofrimento, a violência, auxiliam na geração de autonomia para o autocuidado e para a libertação”, explica.

Para a Arte-educadora e Arteterapeuta, Ana Lúcia Pompermayer, estes tratamentos alternativos traduzem sentimentos que, na maioria das vezes, não conseguem ser expressados através de palavras. “Essas mulheres chegam nestes espaços de acolhida com uma bagagem muito pesada, carregando não só dores físicas mas também muitas dores emocionais, muitas cicatrizes. E este peso é coberto de vergonhas, de frustrações, de desconfianças, de inseguranças, de ansiedades tão grandes que não é possível produzir palavras, então esta busca por outras formas de expressão é muito importante”, pontua.

Ana ressaltou ainda que estas Audiências Públicas dentro da temática da Lei Maria da Penha visam atender pontos que a lei não alcança. “O nosso mandato convocou esta discussão porque nós entendemos que, com a Lei Maria da Penha, nós temos um instrumento que criminaliza a violência contra a mulher. Porém, a legislação por si só não muda a cultura e este é o grande desafio que nós temos. Precisamos de uma educação não-sexista, da orientação desde a infância para as questões de gênero, do enfrentamento à desigualdade entre homens e mulheres”, enfatiza a presidente.

O debate contou ainda com a participação da vereadora Nadir Jesus (PT), da Diretora de Políticas de Prevenção da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Suelen Aires Gonçalves, da presidenta do Conselho Municipal de Direitos da Mulher (Comdim), Eliene Amorim e da proprietária de uma Clínica Holística, Sandra Pereira. Os relatos completos da Audiência Pública podem ser conferidos na transmissão feita nos canais oficiais da Casa, no Youtube e no Facebook.

Texto: Patrícia Wisnieski - Estagiária de Jornalismo /CMSL
Supervisão: Eduarda Rocha/CMSL MTB 0020411/RS
Foto: Bruno Pereira/CMSL

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